Bridgerton, a séria mais assistida da Netflix, trata da Inglaterra pré-vitoriana com romance, diversão e figurinos belíssimos, antecipando um período de grande desenvolvimento social e econômico no país.
A família Bridgerton
A Inglaterra com sua história milenar, berço de grandes líderes, escritores, compositores e artistas exponenciais é um país mundialmente querido, visado e explorado – mesmo que para grande parte da população global, apenas por meio da literatura e de obras audiovisuais. O hit do momento – a série Bridgerton – toma partido do charme da alta-sociedade britânica em uma época em que a instituição do casamento para as mulheres era mais importante do que o próprio desenvolvimento individual. Estamos falando do início do século XIX, mais precisamente durante o reinado de George III e sua esposa Charlotte, retratada de maneira blasé e displicente como rainha consorte. Primorosa em cenários e figurinos, a produção toma diversas liberdades em relação à decoração, moda e trilha sonora, deixando que o encantamento visual e sonoro superem a pesquisa histórica de época.
A Força das Celebridades Históricas
É inegável que a humanidade sempre tenha tido grande curiosidade pela realeza, nobreza e aristocracia. Reis e rainhas têm sido fonte de referência geral para os seus súditos – e muitas vezes para outros povos – desde a Antiguidade. E foram grandes monarcas que serviram de inspiração para um dos movimentos mais importantes desde a Idade Moderna: a moda. Para promover o consumo de tecidos e a produção de insumos variados para a confecção de trajes, não foram poucos os reis que investiram em maneiras novas e sofisticadas de se vestir, desencadeando tendências que ficaram para a história. Afinal, não podemos esquecer que antes das revistas do século XX e da era digital atual – em que modelos, atrizes e influenciadoras se revezam como exemplos fortemente atuantes na sociedade – eram as rainhas as grandes “celebridades” a quem a aristocracia e o público se voltava em busca de um estilo.
Victoria, a Rainha-Modelo
Uma das grandes dirigentes do mundo ocidental, que deixou um legado de desenvolvimento em várias áreas, incluindo a moda, foi a Rainha Victória da Inglaterra. Sobrinha-neta dos reis da época de Brigerton, ela reinou entre 1837 e 1901, num período que é chamado de Era Vitoriana e propiciou grande desenvolvimento industrial, social e cultural, além das navegações que trouxeram novas colônias e ideias para o Império Britânico. Foi durante o seu reinado que floresceu a segunda Revolução Industrial e foram criados o telefone, a fotografia, a eletricidade e o telégrafo. As indústrias têxtil e do vestuário ensaiavam, neste momento, seus primeiros passos para atingir grande escala com o advento de novas matérias-primas, máquinas, técnicas e procedimentos. Infelizmente a automação tirava o trabalho de muitos artesãos, e foi num aceno de incentivo a esse grupo que a rainha Victoria decidiu casar-se com o príncipe Albert com um vestido enfeitado com muitos metros de renda feita à mão. A data, 10 de fevereiro de 1840, marcou também a primeira vez que uma notoriedade usava vestido branco para essa celebração (até então as noivas vestiam-se com cores variadas). Meras decisões individuais de uma monarca que se transformaram em novos hábitos culturais praticados no mundo inteiro, trazendo bons presságios até hoje, 181 anos depois.
E voltando alguns anos antes do casamento da Rainha Victoria, esperamos que Daphne e seu amado Simon, os protagonistas de Bridgerton, tenham também um matrimônio bem-sucedido e que o casal seja feliz para sempre. Com uma nova temporada no streaming, é claro!